quinta-feira, junho 26, 2008

O factor "X"



Os sinais de que se pode estar a aproximar uma catástrofe nos mercados financeiros têm vindo a aumentar, e o jornal alemão «Handelsblatt» noticiou recentemente que os empregados bancários detectaram um novo padrão de comportamento nos clientes que vão à caixa levantar dinheiro: os alemães estão a rejeitar as notas de Euro que não tenha o "X" da sua entidade emissora - o Bundesdruckerei, de Berlim.

Cada país que aderiu ao EURO tem um dado peso económico e imprime um número de notas em conformidade, identificando a sua entidade emissora.

Eis alguns exemplos, das letras iniciais dos números de série:

Z - Bélgica

Y - Grécia

X - Alemanha

(W) - (Dinamarca)

V - Espanha

U - França

T - Irlanda

S - Itália

N - Áustria

M - Portugal


Será que, havendo um estoiro, os portugueses vão preferir o "M"?

sábado, junho 21, 2008

Logística em situação de Crise

Muito se tem escrito e opinado sobre a "crise dos combustíveis" . sendo indiscutível que o mercado do crude está desregulado, alvo de enormes especulações e que está a afectar a produção agrícola de certos productos que servirão para a produção de combústveis. Mas será o que vimos assistindo no nosso País é totalmente derivado da situação internacional? Ora vejamos:

1- O preço do combustível nas bombas tem subido em percentagem muito superior ao aumento do preço, em euros, a que a Galp compra o crude. Faça-se a ginástica que se quiser com os números ˆ futuros, atrasados ou seja o que for - as contas nunca batem certo;

2- A Galp apresenta lucros no 1º trimestre do corrente ano que são substancialmente superiores aos do trimestre homólogo de 2007 (mais de 100%?), o que significa que não foi o aumento no mercado internacional do crude que fez disparar, na medida em que disparou, em Portugal, os preços dos combustíveis;

3- Não houve crise de falta de combustíveis devido a dificuldades de obtenção de crude, o que significa que as reservas em Portugal nunca estiveram em causa. Portanto o CNPCE não é chamado, neste contexto, pois a reserva estratégica não foi posta em causa (é bom lembrar que o objectivo do CNPCE é apoiar o esforço do País em caso de conflito internacional). O que se passou em Portugal foi o impedimento de circulação de veículos, nas rodovias, que "secou" os postos de abastecimento" Portanto, um problema totalmente nacional;

4- O impedimento de circulação de veículos pesados a que se assistiu foi uma reacção (pode-se discutir se foi exagerada ou não, se é legal ou não, etc.) ao aumento desmesurado do preço dos combustíveis. Provocou esta reacção como certamente irá provocar outras reacções pois tal aumento pôe em causa o equilibrio (frágil) da nossa economia.

5- Se o imposto sobre os combustíveis e IVA não aumentaram nos últimos 12 meses, o custo da mão de obra pouco aumentou e certamente que o lucro dos revendedores também não, este aumento ao público é proveito da unica empresa que faz a refinação do crude em Portugal (não deixa de ser curioso estudar sobre a cartelização dos revendedores, quando todos vão buscar o producto à mesma refinaria....) Assim sendo, o problema está no preço do combústivel à porta da refinaria, que curiosamente nunca me foi dado a conhecer e pelos vistos os orgãos de comunicação social também não têm grande interesse em conhecer. Mas tendo em conta os lucros da refinaria atrás indicados, pode-se imaginar o que terá aumentado o dito preço, sem ser devido ao custo de produção.

6- Mas sobre esta questão ouvi o sr. Primeiro Ministro afirmar na A.R. que o Governo não pode intervir numa empresa privada. Curioso! O Estado que está sempre tão atento ao cidadão considera não poder actuar contra este aumento escandaloso de lucros de uma empresa portuguesa e sediada em Portugal e que é a única que produz um bem essencial para o País! Não será neste âmbito que se tem de falar em crise e em crise do Estado ? A Democracia serve ou não para eleger os governantes que tomem conta dos interesses da generalidade dos portugueses ?

Lisboa, 15 de Junho 2008

Comandante Temes de Oliveira


Instituto da Democracia Portuguesa

domingo, junho 15, 2008

A nossa equipa é Portugal

Uma emoção partilhada, sentida no íntimo, baixinho:


Ó P'RA MIM CÁ EM CIMA!


por Ferreira Fernandes

jornalista - ferreira.fernandes@dn.pt

Não se gosta de uma equipa porque ela é a boa, mas porque ela é a nossa. Depois de ela ser a nossa, quando a ligação já tem memória e essas coisas, então, vamos descobrir as razões porque ela é a boa. Encontram-se sempre.

A questão é, pois, a inicial: porque é aquela a nossa equipa? Eu conheço a minha razão. Até porque a minha equipa é Portugal e quando a minha equipa começou a ser Portugal - falo do início dos anos 60 - Portugal era a última coisa que me embalava. A minha razão: Coluna. Um não branco a mandar em brancos. Um capitão, patrão inquestionável, coisa que se via das bancadas: "Sr. Coluna, posso ser eu a marcar o livre?", perguntava um rapaz pálido. E o Sr. Coluna deixava, ou não.

Não queiram saber como aquilo era ar fresco. A selecção portuguesa desse tempo era como a Nokia hoje para a Finlândia - por ela, o mundo talvez não soubesse, mas adivinhava a modernidade. Talvez não nos invejasse, mas devia. Foi nessa altura que me tornei adepto da equipa. Lembro, naquele tempo não havia negros a jogar na Europa: Didi, um mestiço como Coluna, um dos três deuses da melhor equipa de sempre (Brasil, 1958, com Garrincha e Pelé), saiu do Real Madrid empurrado por vexames racistas.

Outros têm as sua razões para amar a equipa. A mão de um pai que nos levou ao Jamor... O importante é ficarmos com esse sentimento de pertença. Fixados, coleccionam-se momentos, como outros, cromos. No meu passaporte de cidadão da selecção nacional, o carimbo mais querido é, claro, o daquele Portugal-Coreia, Mundial de 66. Mais uma vez, amei Portugal quando ele se revelava nos antípodas de Portugal. Os 9 999 999 portugueses desalentados com o 0-3, e um português de raça decidido a mudar o destino. Eusébio carregando o País às costas deu a volta ao resultado, negando-se a abraços até à epopeia concluída. Nunca chorei tão bom.

Depois disso, o meu affaire com a selecção nacional têm sido chispas, meras chispas - Futre e Chalana, Figo e Rui Costa e, até, Ricardo, o dos penáltis. Sempre acreditando tudo, sabendo que teria pouco. A selecção era como aquela amante feia de quem só nós sabemos das qualidades e não dá para apregoar. Um affaire íntimo.

E não é que cheguei a esta selecção? A do Deco inclinado para a frente e do Cristiano Ronaldo inclinado para trás (só um apaixonado vê estes pormenores), que a Europa deu em invejar? Confesso, não sei como lidar com a situação. Não sou dos que pintam a cara e usam chapéus bizarros, sou dos que amam baixinho. Mas quando colegas de L'Équipe e de La Gazzetta dello Sport olham para mim como eu olho para o namorado da Scarlett Johansson, confirmo: "Sim, eu ando com esta equipa já há muitos anos..." E ponho um ar ainda mais discreto porque já apanhei as manhas dos poderosos.

In DN, hoje.

sábado, junho 14, 2008

Pacto de Dover - "novas (velhas) pistas"

A Professora Maria Cândida Proença publicou no "Círculo de Leitores" uma biografia de D. Manuel II, onde, não obstante revelar um esforço muito sério de investigação, não conseguiu por vezes evitar fazer-se eco de algumas falsidades postas a correr pela propaganda republicana, tanto acerca do carácter do Rei, como acerca do Pacto de Dover por este celebrado com D. Miguel II.

Neste último caso - Pacto de Dover - Maria Cândida Proença fez-se então eco da tese segundo a qual o Pacto de Dover não teria existido (in D. Manuel II, Lisboa, Círculo de Leitores, 2006, pp. 137-142). Esta foi a tese defendida e adoptada pelos republicanos salazaristas, de 1932 em diante. Ao adoptar esta tese, os salazaristas fizeram-se eco da versão dos acontecimentos posta a correr pelos detractores monárquicos do Pacto, como o Marquês de Lavradio. Um eco interessado e interesseiro - foi na base da negação do Pacto de Dover que Salazar declarou D. Manuel morto "sem herdeiro, nem sucessor", apropriando para o Estado (em benefício do seu entourage) os bens da Casa de Bragança.

Mas eis agora a notícia de que Maria Cândida Proença, no lançamento de uma nova edição da biografia de D. Manuel II, terá dito à "Lusa" que surgiram entretanto "novas pistas" nos arquivos que estudou. Não serão decerto "novas pistas", sendo provavelmente "pistas" que confirmam a versão dos factos sempre defendida pelos monárquicos da Causa.

A ser verdadeira esta correcção por parte da Autora, como se depreende da notícia transcrita, cumpre saudar a sua seriedade científica, não vacilando perante dados que confirmam a versão dos acontecimentos, e as fontes publicadas em 1933 pela Causa Monárquica de D. Manuel II. Foi, na verdade, alegando ter em conta o espírito do Pacto de Dover que a Causa Monárquica reconheceu então sem hesitação D. Duarte Nuno de Bragança como herdeiro dos reis de Portugal.

Eis pois uma obra de leitura obrigatória, na esperança de não ver defraudada esta notícia e saudação.

JMQ



História: Nova biografia de D. Manuel II revela um Rei "atento e cuidadoso" e não "o tonto piedoso" da propaganda republicana

Lisboa, 07 Jun (Lusa) - D. Manuel II foi um monarca "atento, preocupado, cauteloso, mas não um tonto, piedoso e orientado pela mãe", como acusavam os republicanos, sustenta a historiadora Maria Cândida Proença, autora de uma biografia do último Rei de Portugal.

"D. Manuel II era um moderador, cauteloso sem dúvida, e profundamente preso ao juramento que fizeram à Carta Constitucional, a 06 de Maio de 1908, quando assumiu a coroa", disse a investigadora Maria Cândida Proença à agência Lusa.

A historiadora afirmou que o monarca "não era o tonto que a propaganda republicana pretendeu fazer dele", e lamentou o facto "da sua personalidade e acção serem pouco conhecidas dos portugueses que fazem dele uma outra ideia".

A sua curta acção política como soberano, de 1908 a 1910, "demonstra preocupação com o país".

"Estudava as pastas até altas horas da noite, e era atento à situação política, pois tentou travar o avanço republicano, ao fazer uma aliança com os socialistas, procurando cativar para a Coroa as massas populares e o operariado".

Para esta biografia que levou cerca de seis meses a concretizar, a historiadora utilizou dois fundos documentais inéditos, o espólio de D. Manuel II e o que se encontra depositado na Associação Cultural da Casa de Sabugosa e S. Lourenço.

Segundo a historiadora, estes dois núcleos documentais "deram achegas muito importantes para compreender melhor não só personalidade D. Manuel como os seus pais e várias personalidades da época".

"Estes documentos dão, por exemplo, novas pistas relativamente ao Pacto de Dover que estabelece a pretensão ao trono [assinado em 1912 pelos dois ramos da família de Bragança]".

Cândida Proença acrescentou ainda que "são muito interessantes as cartas trocadas entre o Rei e o marquês de Sobral, e também com Henrique de Paiva Couceiro, que tentou reinstaurar a monarquia".

"O Rei, relativamente a Couceiro, não o apoiou abertamente, pois foi sempre cauteloso. Defendia antes uma campanha de esclarecimento que naturalmente faria desejar o regresso da monarquia. Defendia também que os monárquicos deviam ir conquistando lugares no Parlamento e de destaque na sociedade", disse.

Relativamente a esta biografia, agora editada pela Temas & Debates, Maria Cândida Proença afirmou que procura "ser esclarecedora relativamente à ideia feita do monarca pela propaganda republicana, traz novos dados da sua atitude política durante o exílio em Inglaterra, e a sua acção na Cruz Vermelha Internacional".

"D. Manuel tinha um grande amor a tudo o que era português e teve sempre em primeiro plano os interesses patrióticos e dos portugueses, e não os seus", acrescentou.

D. Manuel II assumiu a trono aos 18 anos, após o assassinato do pai, o Rei D. Carlos, e o seu irmão mais velho, D. Luís Filipe, a 01 de Fevereiro de 1908, interrompendo a sua carreira naval à qual estava predestinado.

Em 4 de Setembro de 1913 casa em Singmaringen (Alemanha) com a princesa Augusta Vitória de Hohenzollern-Sigmaringen, sua segunda prima, pois ambos eram bisnetos da Rainha D. Maria II e do príncipe consorte D. Fernando.

O Rei morreu em 2 de Julho de 1932, em Twickenham (Inglaterra), não deixando descendentes, assumindo a pretensão ao trono, de acordo com o Pacto de Dover, D. Duarte Nuno de Bragança, neto de D. Miguel I.

NL.

2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A. - 2008-06-07 09:35:01

sexta-feira, junho 13, 2008

Sonho de uma tarde franciscana

"Mas olha como faliram as quimeras dos homens do século, que hoje se vêem, crianças desoladas, diante dos seus bonitos escangalhados. Em que veio a parar, sobretudo, essa ânsia sequiosíssima de ouro? Ah! pobres, desgraçados homens do ouro!... Olha como no tumulto desmanchado e pululante do mundo os Bancos quebram, essas igrejas do século, onde os postigos gradeados semelham confessionários do demónio, e em que os livros de cheques são as Horas que folheiam os místicos do ouro. Começa agora o mundo a entender quanto o ouro é falaz e fatal, esse esterco das entranhas da terra, tido por tam precioso entre os homens que todas as humanas criaturas o lambiam prostradas. Ah!, mal-aventurados homens do ouro, que, se nunca lograram descansado sono, suam hoje em insónia e pesadelo, no cuidado de defender o que lhes resta, na lástima de chorar quanto perderam!"
...
"E em que veio parar, homens do século, a vossa sede de ciência sem espirito de Deus, de ciência ao serviço da usura, pois que ciência chamais aos vossos mergulhos às cegas no resplendente abismo infinito de Deus?"

...

Em dia de Santo António, estava lendo e meditando estas palavras de Afonso Lopes Vieira, quando me chegaram entusiasmantes notícias da Irlanda.

Em dia de Santo António, elevando ao céu uma prece pelo seu sonho maravilhoso, regozijo e dou também graças pela vitória dos irlandeses sobre a agiotagem de Bruxelas!

Que esta terceira derrota do seu projecto de Estado europeu (agora contido no "Tratado de Lisboa", em nome que é afronta aos portugueses) possa frutificar em mais civilização europeia, em vera civilização de povos europeus unidos e livres, abertos à universalidade, sem agência de armamentos, exército europeu, e outras infernais loucuras.

A Europa pode e deve continuar a sonhar, aspirando à sombra de árvores que não brotem de asfaltos.

quinta-feira, junho 12, 2008

O "plano B"


Quando os referendos em alguns países europeus começaram a oxigenar as águas pútridas de Bruxelas, foi criado um "plano B", através do qual a chumbada Constituição Europeia vestiu as roupagens do chamado "Tratado de Lisboa".

Sem poder tocar na Constituição da Irlanda, onde os irlandeses continuam a ter a última palavra em matéria de Tratados, esse "plano B" de Bruxelas teve que sofrer ligeiras alterações, em resposta a um eventual claro e rotundo "não" irlandês. Começa agora a ser conhecido esse novo "plano B" delineado nas reuniões secretas de 7 e 13 de Maio. Pouco importa que os povos europeus queiram ou não um Estado Europeu. Bruxelas quer, e isso parece bastar. Se não conseguirmos travar a loucura de Bruxelas, a guerra civil europeia atingirá também o extremo ocidental europeu.