quinta-feira, julho 23, 2009

Carlota e a Lua

CARTA DO CANADÁ
Fernanda Leitão

Há quarenta anos, o mês de Julho foi de entusiasmo planetário. É que a Apollo ia pelos ares fora determinada a pousar na Lua mais os seus tripulantes. Eu estava de férias em Tomar, na casa de Fernanda Porto, a senhora toda posta por ordem que deixou marca no Turismo, onde trabalhou trinta anos.
A verdade é que ela estava muito mais entusiasmada do que eu com a viagem à Lua. Tanto o estava que ficou toda a noite diante do aparelho de TV, sem perder pitada, enquanto eu cedi ao sono e fui dormir. Mas ela, não, ali firme, para grande escândalo da Carlota, que então trabalhava lá em casa a pedido do senhor prior que, compungido, aconselhava ajuda e paciência por ser ela, no seu dizer, um “bocado lenta”. Quando se foi deitar, a Carlota disse à senhora que devia era deitar-se e descansar, em vez de estar ali, como os cachopos, ela dizia assim, agarrada à televisão. De manhã é que foi o bom e bonito, quando a Carlota, já toda lavada e escarolada, foi à sala e deu com a senhora ainda afundada no cadeirão e sem desviar os olhos da tv, no exacto momento em que os astronautas pisavam o solo lunar. Oh minha senhora, parece impossível! – exclamou a Carlota numa furiosa estupefacção. E a resposta veio de recochete: Oh mulher, cale-se e sente-se aqui ao meu lado a ver esta maravilha. Desconfiada, a Carlota tratou de obedecer. E a patroa a insistir: Está ali a vê-los? Está a ver as pegadas que eles deixam? Aquilo era demais para a Carlota, que se levantou impetuosamente e sentenciou: Mas a senhora não vê que isto é tudo armado pelos amaricanos? Então a senhora acredita nisto?
E não houve nada que a demovesse. Era assim, uma mulher de convicções inabaláveis. Tinha trabalhado em Moçambique, onde namorou um rapaz de lá que nunca esqueceu.
Uma ocasião Fernanda Porto perguntou-lhe se sabia do rapaz e a Carlota respondeu que não, nunca mais tinha sabido dele. Fernanda Porto adiantou que talvez ele lá estivesse em trabalhos por causa da guerra.
- Da guerra?!!! Qual guerra, minha senhora?
- Oh Carlota, qual guerra! Então a guerra que anda em África já há anos.
- A senhora diz cada coisa! Olha, guerra em África, nem que o Salazar deixasse...
Não havia volta a dar-lhe.

sexta-feira, julho 10, 2009

O alicerce das coisas

10 Julho 2009 - 09h00

O alicerce das coisas

Desenvolvimento integral

Penso que nunca na história da Igreja existiu um texto que lançasse tanta luz na pluralidade de situações.

Foi divulgado no passado dia 7 um documento renovador da Doutrina Social da Igreja. O Papa Bento XVI desde há dois anos preparava, com a colaboração de diversos especialistas, uma actualização do marcante texto do Papa Paulo VI, ‘Populorum Progressio’, de 1967.

Quarenta anos depois, quer a ideia de progresso, quer a perspectiva de desenvolvimento sofreram mudanças fundamentais, sobretudo graças à globalização. Lançar orientações para a renovação do modelo de desenvolvimento é o objectivo principal do longo texto, intitulado ‘Caritas In Veritate’, ou seja caridade na verdade. Estamos perante uma grande e bela tapeçaria tecida pelos fios da caridade e da verdade, quais forças principais na análise clara, na crítica profunda e nas variadíssimas propostas inovadoras de um verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade, orientado pela justiça e pelo bem comum.

Bento XVI alia aqui a solidez dos alicerces filosóficos e teológicos, na definição de uma concepção de ser humano, com a capacidade para concretizar em diversificadas vertentes a força da visão cristã das realidades vividas no mundo da economia, da política e da cultura. Dada esta notável e ampla incidência, terei de prolongar, ao longo das férias, os comentários à nova encíclica. Aborda temas como: avaliação do poder do Estado, insegurança e fome, ecologia, trabalho e desemprego, crise do sistema de segurança e previdência, papel dos sindicatos, reforma das organizações internacionais, homogeneização cultural, pesquisa científica, reforma agrária, respeito pela vida como centro do desenvolvimento, direito à liberdade religiosa, o terrorismo e a promoção do ateísmo, etc. Ao entender o progresso como uma vocação, um apelo transcendente e responsável, opta-se por um conceito de desenvolvimento que implica a totalidade da pessoa, que inclui a abertura ao Absoluto, único fundamento da fraternidade. Afirma: "O primeiro capital a preservar e a valorizar é o ser humano, a pessoa na sua integridade."

Impelir a globalização para metas de humanização solidária, oferecer uma orientação cultural personalista e comunitária, proceder a uma nova e profunda reflexão sobre o sentido da economia, lançar uma revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento, eis o exercício profético da Igreja, fiel à sua missão, patente e acessível a todos.

Penso que nunca na história da Igreja existiu um documento que lançasse tanta luz na pluralidade de situações. Como seria renovador que cada comunidade cristã reunisse para estudar este texto e descobrir razões para alterar o seu estilo de vida.

D. Carlos Azevedo, Bispo auxiliar de Lisboa

fonte: Correio da Manhã

quarta-feira, julho 08, 2009

O custo dos reis e dos presidentes



O custo da MONARQUIA em ESPANHA é 0,19 dezanove centimos por espanhol.

O custo da REPUBLICA em PORTUGAL é 1,58 um euro e cinquenta e oito centimos por português.

O Governo espanhol transfere para a CASA REAL ESPANHOLA 9.000.000 de Euros.

O Governo português transfere para a PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA PORTUGUESA 16.000.000 de Euros.

Para alem disso as celebrações dos 100 anos de regime republicano custarão 10.000.000 € !

Face às populações, dimensão territorial e desenvolvimento relativo, é bom de concluir que a REPUBLICA PORTUGUESA não faz sentido.

Estará na hora de perguntar aos Portugueses se querem uma nova CONSTITUIÇÃO para PORTUGAL ?